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sexta-feira, 8 de abril de 2011

Palha e bagaço de cana geram energia renovável


Produto natural, antes descartado, vai agora ser utilizado em três novas usinas


01/04/2011 - Depois do acidente nuclear na usina de Fukushima, no Japão, os governos voltam as atenções para os investimentos em energias renováveis. Neste ano, o Brasil dará um grande passo para aumentar a produção energética, sem colocar em risco a vida de milhares de pessoas, utilizando um produto natural que é descartado: a palha e o bagaço da cana de açúcar.
Um projeto com recursos do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), Global Environemt Facility (Fundo do meio ambiente operado pelo PNUD), Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) e empresas privadas, permitiu o desenvolvimento da primeira usina de geração de energia a partir da queima dos componentes da cana de açúcar. No total, cerca de US$ 68,5 milhões foram aplicados em quase dois anos de pesquisas.
Atualmente, já existem usinas que produzem energia a partir da queima do bagaço da cana, que é resto, depois que o caule da cana de açúcar é espremido. “As folhas geralmente são abandonadas no campo quando a colheita é feita com máquinas. Quando não existe maquinário, elas são queimadas”, afirma o coordenador de Tecnologia e Inovação em Energia do MCT, Eduardo Soriano.
A primeira usina do projeto CTC-Palha, como é conhecido, será instalada na usina Alta Mogiana, em São Joaquim da Barra, na região de Ribeirão Preto, São Paulo. O projeto prevê ainda a instalação de mais duas usinas entre 2013 e 2015. Os locais ainda não foram definidos.
O CTC estima que adicionar a palha da cana de açúcar para ser queimada permitirá um aumento de 1,7 vezes o total de energia, produzida atualmente só com o bagaço. O coordenador do projeto CTC-Palha, Suleiman Hassuani, afirma que o Brasil, por muito tempo, desperdiçou o potencial que tem. “A quantidade de palha que existe no campo é de 80 milhões de toneladas. Esse número é muito superior à quantidade total de cana de açúcar produzida por muitos países. Temos um potencial para gerar energia para 13 milhões de residências”, explica.
Além de ser um produto que sempre estará disponível no campo, a energia elétrica produzida através da queima da palha e do bagaço da cana de açúcar possui outras vantagens para complementar a rede elétrica brasileira. A colheita da planta ocorre no período em que há pouca chuva e, consequentemente, os reservatórios de água estão vazios. “Outro ponto positivo é que a geração dessa energia pode ser feita perto de grandes cidades, o que permite haver transmissão sem perdas, protegendo assim a rede elétrica do país”, garante Suleiman.
Funcionamento da Usina
Para a usina de Alta Mogiana, na região de Ribeirão Preto, a cana de açúcar será levada junto com a palha. No local será feita triagem para separar o caule das folhas. Uma parte das folhas será levada de volta aos campos onde servirá como adubo e proteção para o solo, enquanto o caule vai para o processo industrial de produção de açúcar e álcool. A palha que fica na usina é triturada, adicionada ao bagaço e depois vai para a caldeira para ser queimada.
O vapor provocado pela alta temperatura da queima move uma turbina que colocará um gerador em funcionamento. Uma parte pequena da energia produzida pelo gerador é usada pela própria usina para atender as necessidades industriais e a grande parte é disponibilizada na rede elétrica do Brasil.

Foto: Divulgação
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Geração de energia a partir da queima do bagaço pode ser feita perto de grandes cidades